Será que a vida é como o país dos espelhos que Alice visitou?
Dizem que a arte imita a vida, então…
A sensação é estranha, parece que somos prisioneiros como aqueles da caverna de Platão, mas ao invés de sombras o que vemos são reflexos distorcidos de nós mesmos, reflexos que jamais projetarão fielmente nossa imagem, jamais ousarão apontar quem somos ou fomos. Os reflexos apontam assustadoramente o que pensamos ser, o que desejamos ser permanece no canto mais obscuro da alma, mais inacessível espaço quase sufocado pelos reflexos luminosos das distorções de nós.
Queria poder fugir desse país de espelhos, enxergar a própria face foi o pior castigo concedido ao ser humano, porque desde então o aparecer ganhou mais importância do que o ser, e nada mais importa a não ser o espectro falso e calculado de míseras porções de nós mesmos.
Trocamos a consciência e a racionalidade pela essência e a capacidade de transcendência. Ainda chamam isso de evolução… É, evolução dos reflexos… Partículas inadequadas de nós, porções extraviadas de nós, esferas conspiratórias de nós, anti-matéria de nós…
Precisamos com urgência redescobrir a pedra filosofal, que nos conceda a possibilidade de sermos apenas nós, sem reflexos, sem distorções, somente essência…
Desabafos…
Luizana